Suíte dos mortos,
de Domingos Alexandre
O ENTERRO
Foram-se os vivos
E ele, o morto
Ficou sozinho
Mergulhado na paz do cemitério vazio.
Acabado o ruído
Da terra caindo sobre o seu rosto,
Atirada a última pá
Todos saíram apressados
Atropelando tumbas e sepulturas
Na ânsia de voltar para vida das ruas.
Deixaram-no só
E apavorado ante a escuridão do nada.
Como podiam ter tanta certeza
De que ele estava morto?
***
Autor de um poema antológico, Bruxelas, Domingos Alexandre é um de nossos grandes poetas. O poema acima foi publicado no blog de Cicero Melo (http://ciceromelo.zip.net/).