quarta-feira, 12 de setembro de 2012



O escritor como operário


Roberto Arlt

Se você conhecesse os meandros da literatura se daria conta que o escritor é um senhor que tem por ofício escrever, como outro tem o de fabricar casas. Nada mais. O que o diferencia do fabricante de casas é que os livros não são tão úteis quanto as casas, e depois... Depois, que o fabricante de casas não é tão vaidoso quanto o escritor.

Nos dias atuais, o escritor acredita que ele é o centro do mundo. Enrola como bem quer. Engana a opinião pública, consciente ou inconscientemente. Não revisa suas opiniões. Acredita que o que escreve é verdade simplesmente por ter sido escrito por ele. Ele é o centro do mundo. Quem tem dificuldades até em escrever à família, pensa que a mentalidade do escritor é superior à de seus semelhantes e está equivocado em relação aos livros e aos autores. Todos nós, os que escrevemos e assinamos, o fazemos para ganhar a bóia. Nada mais. E para ganharmos a bóia não hesitamos, às vezes, em dizer que o preto é branco ou vice-versa. E, além disso, ás vezes nos permitimos o cinismo de rir e de acreditar que somos gênios.



(de Aguasfuertes porteñas)