Transcrevemos a opinião do
escritor, poeta e crítico do Rio Grande do Sul, Romar Beling, a propósito do
novo livro de Majela Colares, Memória
líquida:
Romar Beling
O final de abril
foi marcado pela chegada às livrarias do mais recente livro de poemas do
cearense Majela Collares (foto abaixo), de quem já se tratou em mais de uma
ocasião no acervo do Leituras de Mundo. Memória líquida foi lançado em São Paulo
no dia 25, com a presença do autor, sob o selo da Editora Confraria do Vento,
do Rio, e agora passa a circular em todo o País e a estar disponível ao olhar
dos leitores.
Natural de Limoeiro
do Norte, terra que também já apresentou o poeta Luciano Maia, o cantor do
Jaguaribe, à literatura brasileira, Majela é suficientemente reconhecido junto
a críticos e leitores de larga envergadura. Para ter-se uma ideia, Kurt
Meyer-Clason, o respeitado tradutor que versou Grande sertão: veredas para
a língua de Goethe, assinou igualmente uma coletânea de poemas de Majela
traduzidos para o alemão, o volume O silêncio no aquário / Die Stille im
Aquárium. Nascido em 1964, Majela está desde 1992 radicado no Recife,
onde forma, ao lado de, dentre outros, Everardo Norões, ilustre filho do Crato,
e de Ronaldo Correia de Brito, este de Saboeiro, um respeitável grupo de
escritores e intelectuais cearenses e nordestinos. É de lá que vem, e cada vez
mais virá, a autêntica renovação formidável da literatura brasileira, com um
acento universal indiscutível, apoiado sobre o local e o coloquial, o pitoresco
e o cotidiano, do sertão acariciado pelas brisas do litoral.
No caso específico
de Majela, ensaístas de renome, como Marco Lucchesi, Hildeberto Barbosa Filho,
Ivan Junqueira, Fernando Py, Ana Miranda, Alexei Bueno, André Seffrin,
Francisco Carvalho, Fábio Lucas, o próprio Everardo Norões, Dimas Macedo, Curt
Meyer-Clason, dentre outros, já se ocuparam de sua poesia. A esse conjunto de
apreciações agora tende a ser agregado o impacto imagético e de conteúdo de Memória
líquida (da linda capa acima), título que, aliás, tão oportuna e
vitalmente remete ao conjunto temático de seu conterrâneo Luciano Maia, cujo
Jaguaribe, memória das águas é digno de ser posicionado em todas as bibliografias.
Na orelha desse
novo livro, Ana Miranda, por sinal, menciona: “Ler Memória líquida é uma
experiência de beber as palavras na sua pureza mais cristalina. (...) Memórias
que constatam a dolorosa consciência e, acima de tudo, a ameaçadora presença
humana neste astro impreciso... Memórias que são também balidos e ritmos
perfeitos, cantadas na voz de um poeta elevado...”. É Majela Collares firmando
seu nome em nosso imaginário.
Postado por Romar
Rudolfo Beling - romarbeling@yahoo.com.br
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