sábado, 5 de maio de 2012


Transcrevemos a opinião do escritor, poeta e crítico do Rio Grande do Sul, Romar Beling, a propósito do novo livro de Majela Colares, Memória líquida:



Romar Beling

O final de abril foi marcado pela chegada às livrarias do mais recente livro de poemas do cearense Majela Collares (foto abaixo), de quem já se tratou em mais de uma ocasião no acervo do Leituras de Mundo. Memória líquida foi lançado em São Paulo no dia 25, com a presença do autor, sob o selo da Editora Confraria do Vento, do Rio, e agora passa a circular em todo o País e a estar disponível ao olhar dos leitores.
Natural de Limoeiro do Norte, terra que também já apresentou o poeta Luciano Maia, o cantor do Jaguaribe, à literatura brasileira, Majela é suficientemente reconhecido junto a críticos e leitores de larga envergadura. Para ter-se uma ideia, Kurt Meyer-Clason, o respeitado tradutor que versou Grande sertão: veredas para a língua de Goethe, assinou igualmente uma coletânea de poemas de Majela traduzidos para o alemão, o volume O silêncio no aquário / Die Stille im Aquárium. Nascido em 1964, Majela está desde 1992 radicado no Recife, onde forma, ao lado de, dentre outros, Everardo Norões, ilustre filho do Crato, e de Ronaldo Correia de Brito, este de Saboeiro, um respeitável grupo de escritores e intelectuais cearenses e nordestinos. É de lá que vem, e cada vez mais virá, a autêntica renovação formidável da literatura brasileira, com um acento universal indiscutível, apoiado sobre o local e o coloquial, o pitoresco e o cotidiano, do sertão acariciado pelas brisas do litoral.
No caso específico de Majela, ensaístas de renome, como Marco Lucchesi, Hildeberto Barbosa Filho, Ivan Junqueira, Fernando Py, Ana Miranda, Alexei Bueno, André Seffrin, Francisco Carvalho, Fábio Lucas, o próprio Everardo Norões, Dimas Macedo, Curt Meyer-Clason, dentre outros, já se ocuparam de sua poesia. A esse conjunto de apreciações agora tende a ser agregado o impacto imagético e de conteúdo de Memória líquida (da linda capa acima), título que, aliás, tão oportuna e vitalmente remete ao conjunto temático de seu conterrâneo Luciano Maia, cujo Jaguaribe, memória das águas é digno de ser posicionado em todas as bibliografias.
Na orelha desse novo livro, Ana Miranda, por sinal, menciona: “Ler Memória líquida é uma experiência de beber as palavras na sua pureza mais cristalina. (...) Memórias que constatam a dolorosa consciência e, acima de tudo, a ameaçadora presença humana neste astro impreciso... Memórias que são também balidos e ritmos perfeitos, cantadas na voz de um poeta elevado...”. É Majela Collares firmando seu nome em nosso imaginário.

Postado por Romar Rudolfo Beling - romarbeling@yahoo.com.br
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