O olhar do cão
Dormi mal, ontem.
Nenhum transtorno.
Apenas um olhar e o asco. O asco ao ver na tela a figura cínica de certo Alfredo Astiz,
o ‘anjo da morte’, ex-oficial da Marinha argentina, torturador, condenado à prisão perpétua.
Cínico e prepotente. No momento do veredito, acaricia a bandeira argentina pregada na lapela.
A mesma bandeira que não foi capaz de defender nas Malvinas
quando se rendeu ao exército britânico.
Como se renderam aqueles para quem o simulacro de pátria serve apenas a interesses subalternos.
Astiz infiltrou-se entre familiares de ‘desaparecidos’ para reprimir e matar.
É responsável pelo desaparecimento de Azucena Villaflor, Esther Ballestrino, María Ponce,
mães da Plaza de Mayo,
das freiras francesas Alice Domon e Leónie Duquet,
da adolescente sueca Dagmar Hagelin.
Entre outros.
Em 1990, foi condenado à prisão perpétua pela Justiça francesa.
Anjo da morte ou do mal?
Talvez aquele Mal que nem o Cristo nos ajudou a decifrar, quando pronunciou
o “eles não sabem o que fazem”.
o “eles não sabem o que fazem”.
O fato é que, enquanto houver entre os humanos gente da espécie de Astiz,
continuaremos a exercitar nossa indignação e a procurar,
como escreveu André Malraux,
como escreveu André Malraux,
“a região crucial da alma, onde o Mal absoluto se opõe à fraternidade”.
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