sábado, 21 de abril de 2012

Ao vencedor, as batatas

1948.  A um dos livros mais conhecidos de Pernambuco, O tempo dos flamengos, do escritor e historiador José Antonio Gonçalves, é recusado o prêmio Othon Bezerra de Melo. A Academia Pernambucana de Letras – a quem cabia a escolha – prefere eleger a coletânea de versos de Oscar Brandão, um dos seus. Mauro Mota rebela-se. Publica no Diario, no dia 22 de agosto, a crônica Ao vencedor, as batatas. Um livro de “sonetos e cantatas de aceitação apenas doméstica”, escreve, suplanta um ensaio histórico que se tornaria clássico da historiografia brasileira. Mauro Mota esbraveja. Escreve que a literatura “nada tem a ver com as loas vergonhosamente conduzidas aos cornos da lua e que nada mais valem do que algumas moedas de dez tostões fabricadas em Tejipió”. A crônica consta do livro O suplemento e Mauro Mota, organizado pelo jornalista Jodeval Duarte, editado pela Comunigraf, em 2001, ano em que o poeta faria 90 anos.

Obs. Ilustração pintura de Botero