sexta-feira, 2 de julho de 2010

Postado em 9 de setembro de 2009

Sou mais Maradona...



Não entendo de futebol, mas gosto dos comentários de Ralf Carvalho. Digo-me que se os críticos escrevessem sobre literatura como ele fala de futebol nossa vida literária teria outro encanto. Não entendo de futebol, mas não gosto de Pelé: prefiro Maradona. Ao lado dele, Dunga parece um gerente de banco; do mesmo jeito que Pelé sugere um executivo a fazer o marketing de si mesmo. Se futebol é paixão, nada melhor do que o tango para traduzi-la em passes de beleza e desespero. Que importa se Maradona transmite a desgraça e rói as unhas nos cantos do gramado? É assim que ele vai se tornando personagem de tragédia, como o foi Garrincha, certamente o mais brasileiro de todos os jogadores. Não entendo de futebol, mas prefiro o futebol arte àquele pensado pelos Franz Beckenbauer, jogado como partidas virtuais, arquiteturas de gráficos e cronômetros. Quando vi Maradona no seu desespero, veio-me a imagem fugaz de um touro se arremessando contra as traves, um bólido azul-celeste dominando a geométrica verdura, onde só ele parecia ter o domínio e a maestria. Maradona é a tragédia do Che gravada no braço; Pelé, o Brasil do “ame-o ou deixe-o” dos anos 70. Mesmo torcendo pelo Brasil, sou mais Maradona...

3 comentários:

denise bottmann disse...

encantador. entendo e concordo!

Anônimo disse...

Caro Everardo,
Arrebatadora esta sua crônica. Entendo, concordo e gostaria de te-la assinado.
Parabéns e o abraço da
dalila teles veras

Pedro Salgueiro disse...

Futibolisticamente Pelé está anos luz à frente de Maradona, hoje só os argentinos contestam este fato... Mas não resta dúvida de que a figura polêmica do argentino é mais rica, como personagem... com todas suas contradições, i(n)diossicrasias etc. etc.
Agora, em campo, Pelé era algo muito próximo da genialidade.