sábado, 4 de julho de 2009


Obra de Cardozo esquece organizador

Poesia completa e prosa, editada pela Nova Aguilar em parceria com a Massangana, chegou às livrarias sem os créditos do poeta Everardo Norões

Thiago Corrêa

O que deveria ser motivo de comemoração ganhou tons de polêmica nos bastidores literários da cidade.
A edição do volume Poesia completa e prosa, que reúne a obra do escritor pernambucano Joaquim Cardozo, editada pela Nova Aguilar em parceria com a Massangana, chegou às livrarias sem os créditos da organização do poeta Everardo Norões. Apesar dos cinco meses de trabalho na seleção dos textos, o nome de Norões só aparece na assinatura da introdução geral e da nota biográfica do livro."Fui contratado pela Nova Aguilar por indicação de Marco Lucchesi, tratei diretamente com Sebastião Lacerda (dono da editora). Como sabia que havia um projeto anterior, perguntei à editora se havia alguma pendência porque não gostaria de me meter no trabalho de ninguém", diz Norões. Através de um comunicado da assessoria de imprensa, a Nova Aguilar reconhece a falha e aponta que a organização de Norões "foi estranhamente suprimida pela editora da Fundação Joaquim Nabuco, a Massangana".
A Nova Aguilar relata que as razões para a omissão ainda não foram esclarecidas, mas que pode ter ocorrido por problemas na gráfica. "Acabaram pedindo para abrir os arquivos - e aí então desapareceu o nome do Everardo da folha de rosto e da sobrecapa. E na ficha catalográfica - feita por eles - o nome também não foi incluído", explica o comunicado.Na nota editorial assinada por Mário Hélio, coordenador-geral da Massangana, ele explica que a ideia de reunir as obras de Joaquim Cardozo surgiu há 14 anos. Na nota, ele analisa a edição, fala sobre a importância da reunião dos escritos e reconhece o esforço de várias pessoas que se dedicaram ao estudo e à organização da obra de Cardozo, como César Leal e Maria da Paz Ribeiro Dantas.
Mas ao longo de 25 páginas, em nenhum momento ele cita o nome de Everardo Norões. Coindicidência ou não, na nota há a seguinte passagem na página XIII: "Publicar um poeta da grandeza de Cardozo é algo tão honroso que importa menos quem o faz e mais como o consegue fazer".
Procurado pelo Diario, Mário Hélio informou que a responsabilidade editorial era da Nova Aguilar, bem como o acompanhamento da impressão. "Foi um erro de gráfica, da editora (Massangana) jamais. Não interferimos editorialmente, já que se trata de uma coleção da Nova Aguilar. Fiz o texto introdutório a pedido de Sebastião, porque eu já tinha uma história com o projeto", revela o coordenador da Massangana. "Everardo teria que aparecer nos créditos. É uma pena que os livros hoje em dia não tenham erratas", completa.
Mário Hélio lamentou a omissão de Norões no crédito e também atribui a falha a problemas técnicos enfrentados na gráfica, no caso, a Brascolor. "A impressão foi um processo tumultuado, vários ajustes de produção industrial precisaram ser feitos para imprimir os poemas visuais de Cardozo", lembra o coordenador da Massangana."A gente só fez executar o arquivo enviado pela Massangana. Fizemos uma impressão e mandamos para a aprovação das editoras. Inclusive foi preciso fazer uma reimpressão, porque a Massangana achou vários erros que não tinham sido corrigidos antes", recorda Reinaldo Azevedo, diretor industrial da Brascolor. A edição de Poesia completa e prosa de Joaquim Cardozo teve uma tiragem de 2 mil cópias. Caso haja novas impressões, a Nova Aguilar assegurou que a omissão será corrigida. (Diario de Pernambuco 17.06.2009)
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http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/06/17/viver13_0.asp
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