domingo, 5 de abril de 2009


O Infinito

E pouco provável que Dorival Caimy tenha lido Leopardi antes de compor uma de suas músicas mais famosas, É doce morrer no mar. No entanto, o famoso verso já estava contido em O infinito, o mais conhecido texto do poeta italiano Leopardi, escrito em 1819. Nada de plágio. Apenas sintonia surgida da contemplação do mar...

O Infinito

Sempre caro mi fu quest’ermo colle,
E questa siepe, che da tanta parte
Dell’ultimo orizzonte il guardo esclude.
Ma sedendo e mirando, interminati
Spazi di là da quella, e sovrumani
Silenzi, e profondissima quiete
Io nel pensier mi fingo; ove per poco
Il cor non si spaura. E come il vento
Odo stormir tra queste piante, io quello
Infinito silenzio a questa voce
Vo comparando: e mi sovvien l’eterno,
E le morte stagioni, e la presente
E viva, e il suon di lei. Così tra questa
Immensità s’annega il pensier mio:
E il naufragar m’è dolce in questo mare.
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O Infinito

Sempre cara me foi esta colina
E esta sebe que, de toda parte,
Do último horizonte exclui a vista.
Mas sentado e olhando o interminável
Espaço além daqui, e os sobre-humanos
Silêncios e a mais funda quietude
No meu pensar me finco. E assim por pouco
O coração não pára. E como o vento
Ouço murmurar detrás das plantas,
O infinito silêncio a essa voz
Vou comparando: e lembro o eterno,
E as mortas estações e a presente,
tão viva, e os seus sons. E a imensidão
Onde se afoga o pensamento meu:
E o naufragar me é doce neste mar.
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A ilustração é de Joseph Mallord William Turner (1775 - 1851).
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